Como surgiu

Como surgiu a EFAORI?

Por Luisa Maria Ribeiro Almeida*

Em meados da década de 90, o Centro Social bem como as demais entidades representativas dos agricultores familiares de Orizona, despertam para a necessidade de discutir sobre a educação da juventude rural, visto que há um número grande de estudantes do meio rural que se deslocam diariamente para estudar em escolas urbanas, sobretudo para cursar o ensino médio, uma vez que existia apenas uma escola de ensino médio em uma região que oferece o curso de magistério, enquanto que existem escolas de 5ª a 8ª séries em sete regiões do meio rural e 55 escolas de 1ª a 4ª séries. As famílias têm manifestado grande preocupação com essa situação, pois a escola urbana de ensino médio não responde às necessidades, desafios e expectativas dos (as) jovens filhos de Agricultores Familiares. Pelo contrário, isso contribui para o afastamento da juventude do meio rural, da sua comunidade e da família.
A partir dessa realidade e da manifestação das famílias dos Agricultores iniciaram-se as discussões sobre a necessidade de criar uma escola de ensino médio que atendesse as necessidades do meio rural. As primeiras discussões tiveram inicio em 1996 com Central de Associações de Pequenos Produtores, quando Antônio Baiano, então coordenador da Comissão Pastoral da Terra Regional em Goiás apresentou a proposta de criação da Escola Família Agrícola. ao seu presidente, Sr. José Correia.
Talvez por desconhecimento da proposta, a Central não deu andamento ao projeto. Foi então que João Batista Queiroz e Antônio Baiano procuraram a diretoria do CSRO, que passava por um processo de transição, que a partir do conhecimento da proposta, realizou uma assembléia para aprofundar a discussão e dar encaminhamentos. A partir dessa decisão, foi programada uma visita de um grupo de agricultores (as) à Escola Família Agrícola de Goiás. O grupo que conheceu a EFA de Goiás retornou bastante entusiasmado com aquele tipo de escola e com sua proposta pedagógica.
Essa descoberta foi fortalecida com outra visita a uma casa familiar rural de Santa Catarina, feita por um grupo de produtores e dirigentes rurais de nosso município. Em fevereiro de 1997 foi realizada a Assembléia Geral deliberativa onde decidiram priorizar o trabalho com agricultores familiares, contatos individuais, pequenas discussões nas famílias, nas comunidades e no Centro Social Rural. Nesse contexto, foi aplicado um questionário avaliativo sobre a realidade da educação rural em Orizona.
Esse questionário permitiu perceber o interesse e a manifestação destes Agricultores para a criação da EFA. Este processo contou com o apoio e acompanhamento da Comissão Pastoral da Terra Regional Goiás.
Após um ano de trabalho foi convocado uma assembléia para consolidar uma comissão que daria continuidade aos trabalhos de implantação de uma EFA no município de Orizona/GO e em março de 1998, firmou-se o compromisso de pensar efetivamente quem contribuiria no processo.
O Presidente do Centro Sebastião Fernandes, abriu a reunião colocando o objetivo: 1º firmar a comissão; 2º ver a questão dos monitores. Em seguida passou a coordenação da reunião ao assessor João Batista, que explicou o motivo de indicação de novos representantes (suplentes), pedido na carta enviada. O objetivo é ver com quem se pode contar realmente no processo de implantação da escola. Fazendo em seguida a apresentação das entidades representadas: Balduíno (Secretaria Municipal de Educação), Nelson Carneiro (Banco do Brasil), Joaquim Nunes e Rosicler (EMATER), Joaquim Tavares (Sindicato dos Trabalhadores Rurais), Iltinho (CEAPPRO), Lisete (Escolas Estaduais), Gerson (representando o Secretário de Educação), Antonio P. de Almeida (CPT), João Batista (assessor do Centro Social e da Comissão), Sebastião, Mª Olívia, Aninha, João Bosco e Chiquinho (Centro Social). Após trocar idéias fixou data para reunião da comissão. Sempre na segunda feira de cada mês das 13h às 14:45, no escritório do Centro Social (Ata de Reunião da Comissão de Implantação da EFA com a Diretoria do Centro Social Rural de Orizona – 09/03/1998).
Em abril de 1998 foi consolidada uma Comissão de implantação da Escola Família Agrícola de Orizona, com representação de vários segmentos organizados do município:

- Comissão Pastoral da Terra (CPT-GO);
- Sindicato dos Trabalhadores Rurais;
- Sindicato dos Produtores Rurais;
- Central de Associações de Pequenos Agricultores;
- Cooperativa Agropecuária dos Produtores Rurais de Orizona;
- Prefeitura Municipal de Orizona;
- Câmara de Vereadores;
- Secretaria municipal de Educação;
- Agencia Rural (EMATER);
- Igrejas Evangélicas;
- Comunidades Rurais ligadas à Igreja Católica.

Essa comissão foi coordenada pelo Centro Social, com o intuito de desenvolver um trabalho de divulgação da proposta dos CEFFAs. Essa Comissão visitou as regiões de Taquaral, Cachoeira, Montes Claros, Corumbajuba, Buritizinho, Firmeza e Egerineu Teixeira.
Em agosto, 36 Pequenos Produtores visitaram uma Casa Familiar Rural no município de Quilombo, Santa Catarina. Em outubro houve uma visita de alguns membros da Comissão à EFA de Goiás. Neste mesmo mês houve um encontro de alguns membros do Centro Social, Secretaria municipal de educação e Comissão Pastoral da Terra com Gerard Verhelst – representante de uma Organização Belga, quando lhe foi apresentado a realidade do município, a necessidade da EFA e a disposição das famílias e entidades de implantá-la no município, bem como a solicitação de apoio do Instituto de Cooperação Belgo-Brasileira para o Desenvolvimento Social (DISOP). No início de novembro houve um encontro com 36 pessoas de várias regiões do município de Orizona para estudo sobre a EFA e treinamento para divulgação da sua proposta pedagógica. Esses participantes assumiram o compromisso de serem agentes divulgadores da EFA nas suas respectivas famílias e comunidades. A partir disso definiu-se pela intensificação do trabalho de base junto às famílias, bem com pela aquisição do terreno e construção do prédio da EFA durante o ano de 1998 para iniciar as atividades escolares no ano de 1999. Ficou também decidida a implantação de uma EFA de ensino médio e técnico em agropecuária.
A escola iniciou efetivamente seu trabalho no dia primeiro de março de 1999, com 20estudantes, em um prédio cedido em regime de comodato pela Prefeitura local, localizado na Fazenda Rio do Peixe a 29 km da cidade.
Graças à solidariedade da Solidariedade Internacional dos Movimentos Familiares de Formação Rural - Solidarite Internacionale des Maisons Familiales (SIMFR), entidade Belga e da prefeitura Municipal, no final do ano de 1999, a escola adquiriu um imóvel a 1400 m da cidade em local centralizado no município de fácil acesso a comunidade.
A EFAORI está situada a dois quilômetros da cidade, às margens da Rodovia Orizona/Cachoeira, Fazenda Santa Bárbara, tendo como mantenedora o Centro Social Rural de Orizona (CSRO).


*Luisa é coordenadora pedagógica da EFAORI.