quinta-feira, 3 de março de 2011

POESIA DA TERRA

Saudades de um carreiro

Levantei de madrugada, eu queria o meu passado recordar,
Fui ao pasto busquei a minha boiada e peguei meu carro velho pra ir carrear,
Cada boi que eu chamava pelo nome eles me atendiam,
Parece que eles também tinham saudades da estrada e das viagens que muito tempo não faziam,
Ao cangar minha boiada, senti bater forte o coração,
As lágrimas rolaram no meu rosto, molhando a poeira do chão,
Era a saudade bandida que machucava que machucava meu peito, eu pedi o meu pai do céu pra mi dar saúde e proteção,
Com destino a Taquaral Capela, vamos carregados de saudade e emoção,
Quando meu velho carro cantou, meu passado tão distante voltou,
Eu recordei os bons tempos da minha mocidade, que numa grande velocidade passou,
Eu era o candinheiro ainda quase criança, eu ia à frente da boiada com os olhos cheios de esperança,
Ao meu lado meu velho pai que foi um grande carreiro,
Iam também meus amigos, meus irmãos e os meus melhores companheiros,
Estas imagens não me sai da lembrança depois de tantos janeiros,
Agora que o progresso que tomou conta da nação,
Trocando meu lento e velho carro de boi, pela velocidade do caminhão,
Com seus cocões emudecidos ficou mais triste o meu sertão,
Mesmo com os benefícios do progresso,
Nesse momento eu confesso, que é o carro de boi que mora no meu coração.
Hoje já estou velhinho minhas vistas embaralhadas,
Meus cabelos estão branquinhos dos serenos das madrugadas,
Já estou quase sem força, minhas pernas encurvadas,
Estou na última curva do caminho, terminando nesta terra minha jornada,
A passos lentos na estrada com minha boiada de estimação,
Eu cumpro meu destino e sigo a tradição,
Passando de geração em geração,
Sei que do meu carro velho levarei saudades,
Quando eu partir do meu sertão,
Pra ir morar na eternidade...

Por José Gregório Júnior
(Pai do estudante Jânio da 3ª série da EFAORI)

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